terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Estratégia e criação de valor


A gestão estratégica de questões socioambientais e criação de valor aos acionistas estará em pauta na Mostra de Conteúdos e Soluções

Atualmente, o tema “sustentabilidade” está presente no discurso de empresários, investidores, cientistas, gestores públicos e influencia o comportamento de muitos consumidores. Mesmo diante de tanta exposição, não é tarefa simples compreender-se o que realmente caracteriza uma empresa, um produto ou uma ação sustentável.

Inicialmente, deve-se conhecer sob qual perspectiva está se usando o termo sustentabilidade: do planeta (macro) ou das organizações (micro). Essa diferenciação é fundamental para se entender sobre o que realmente está sendo tratado.

A macroperspectiva refere-se, essencialmente, ao documento Nosso Futuro Comum (Our Common Future) elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987. Nesse relatório, definiu-se desenvolvimento sustentável como sendo aquele capaz de satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

A microperspectiva, por sua vez, centra-se nas necessidades de sobrevivência e sucesso das organizações. Uma empresa sustentável, segundo a Bolsa de Valores de São Paulo, é aquela capaz de gerar valor para o acionista no longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais. Logo, são perspectivas diferentes que, embora relacionadas, apresentam variações na compreensão do conteúdo.

Outro aspecto que pode distorcer o significado do tema é a suposição de que a sustentabilidade esteja relacionada, exclusivamente, às práticas voltadas ao meio ambiente. A vertente ambiental é apenas uma daquelas que compõem o chamado Triple Bottom Line, pois também devem ser consideras as vertentes social e econômica. Se, por um lado, é mais fácil ao cidadão comum associar práticas sustentáveis à responsabilidade socioambiental, por outro, não se pode desconsiderar que os aspectos econômicos estão intrinsecamente relacionados ao consumo e obtenção de recursos necessários à sobrevivência do planeta e das organizações.

A responsabilidade socioambiental corporativa, caracterizada como um conjunto de políticas e práticas adotadas por determinada organização visando ao aprimoramento das relações com seus diferentes grupos de interesse (stakeholders), direciona-se à criação de condições favoráveis para a sustentabilidade empresarial, com a obtenção de vantagem competitiva e a geração de valor aos acionistas.

Estrategicamente, portanto, as questões socioambientais deveriam fazer parte do planejamento e integrarem quadros de avaliação do desempenho empresarial e não ficarem restritas ao discurso ou às ações pontuais desvinculadas dos fatores críticos de sucesso e da respectiva geração de valor ao negócio.

Como a organização comprova aos acionistas que os investimentos socioambientais estão, realmente, contribuindo para o aumento da competitividade e não se tratam, apenas, de ações de marketing para um suposto fortalecimento da imagem institucional? Esse é um dos desafios que todo gestor moderno deveria estar se perguntando. A resposta está diretamente associada ao grau de compreensão de como as questões socioambientais estão relacionadas aos riscos e retornos corporativos.

Marco Antonio Figueiredo Milani Filho é economista, Mestre e Doutor em Controladoria e Contabilidade pela USP. Professor do Programa de Pós-Graduação em Controladoria da Universidade Mackenzie e consultor de empresas para o desenvolvimento de políticas e programas de responsabilidade socioambiental. Contato: marcomilani@mackenzie.br


Portal HSM
25/10/2012

Fonte: http://hsm.com.br/editorias/sustentabilidade/estrategia-e-criacao-de-valor

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