quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Movimento que pede ao chefe para liberar bermuda no trabalho ganha força na internet

No site já há espaço até para publicidade, mas será que a ideia pode se transformar em pequena empresa?
 
DANIEL FERNANDES, ESTADÃO PME



Reprodução
Reprodução
 
 A força da internet. A brincadeira começou assim: três jovens criaram um site muito simples para que os homens pudessem enviar o e-mail do chefe para que o site, de maneira anônima, enviasse a ele um mensagem pedindo a liberação da bermuda no ambiente de trabalho. Nada mais justo, afinal, o verão tem batido todos os recordes de calor e fica difícil acordar logo cedo e colocar um terno e gravata.
Começou assim. Mas está se transformando em uma pequena empresa. De brincadeira, o site ganhou espaço para publicidade, página institucional no Facebook com 14,5 mil seguidores e até perfil no Instagram.

O movimento #BermudaSim foi ideia de três jovens cariocas: Ricardo Ruliere, Vitor Damasceno e Guilherme Anchieta. Com bom humor, eles criaram até regras para o uso das calças curtas no ambiente do trabalho. Confira abaixo.



Agora, resta saber qual é (e se há mesmo) a intenção de transformar a ideia em empreendimento. O principal eles já conseguiram: conquistaram a atenção dos internautas/consumidores.
Fonte: http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,movimento-que-pede-ao-chefe-para-liberar-bermuda-no-trabalho-ganha-forca-na-internet,3945,0.htm

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

12 erros que matam qualquer apresentação

Confira os principais deslizes nas apresentações e veja também as dicas de uma especialista no assunto para não cometê-los mais

Getty Images
Apresentação 

São Paulo – Saber fazer boas apresentações é uma habilidade obrigatória para a ascensão de carreira da maioria dos profissionais. Por isso mesmo este quesito tira o sono de muita gente que, só de pensar em ser o centro das atenções de uma plateia, já começa a suar frio.

O nervosismo atrapalha, mas não é o único calcanhar de Aquiles nas apresentações. Confira os 12 principais erros cometidos nessa hora, de acordo com Joyce Baena, sócia e diretora da La Gracia, escola que oferece cursos sobre o tema:
 
1 Falta de roteiro
É o principal deslize, segundo Joyce. “Muitas vezes os executivos começam a fazer uma apresentação abrindo o Power Point e começando a digitar e esquecem que existe uma palavra chamada roteiro”, diz a especialista em apresentações.

O resultado de quem peca pela falta de roteiro é uma reunião de slides sem conexão, e, na maioria das vezes, faltando partes essenciais. “Isso leva à falta de compreensão, o público não entende”, diz Joyce.
Dica: Lance mão das técnicas de roteirização. “Você apresenta um cenário ou um conflito, resolve esse conflito, constrói a sua argumentação em cima disso e finaliza. Esse ‘fatiamento’ da informação é fundamental”, sugere Joyce.

2 Início “morno”
O começo de uma apresentação faz toda a diferença. Mas nem todo mundo se preocupa em captar “logo de cara” a atenção da plateia. “As pessoas geralmente começam agradecendo, dizendo quem são elas e já entram no assunto da apresentação”, diz Joyce. 

Dica: “Pense em um roteiro de cinema, as primeiras cenas geralmente têm o objetivo de captar a atenção do espectador”, recomenda Joyce. Escolha uma frase de destaque. Tente - por meio da sua fala - deixar o público curioso e conquiste a atenção da sua plateia no começo da apresentação.

3 Ausência de imagens ou escolha sem critério
“As pessoas pouco usam imagens e quando as utilizam ainda é de maneira tímida”, diz Joyce. Ela conta também que é comum apresentações trazerem imagens esticadas ou sem redução proporcional.
Além disso, a escolha sem critério também é apontada como erro frequente. “As pessoas usam imagens que não têm nada a ver com o que está sendo dito”, diz Joyce. 

Dica: A imagem deve estar presente na apresentação, mas tem que ter a sua “razão” de existir. A imagem pode ser linda, mas se ela não dialoga com o texto da sua apresentação deve ficar de fora.
“Tudo na apresentação tem que ter uma função”, explica Joyce. Lembre-se de que o próprio Power Point tem recursos para aumentar ou reduzir imagens. Atente também à proporção dos objetos na vida real antes de colocá-los um ao lado do outro no slide.
4 Texto “bengala”
Qual a função de um slide de Power Point usado em uma apresentação? Se você acha que o é apontar e relembrá-lo do que você precisa dizer, errou. “As pessoas pensam nos slides como uma ‘bengala’ para elas se lembrarem do que precisam dizer”, diz Joyce. 
 
Ao colocar um monte de texto na tela, o apresentador acaba ficando sem função, uma vez que o público vai prestar atenção ao texto e não em sua fala. “Ninguém consegue ler e ouvir ao mesmo tempo”, lembra Joyce.

Dica: O texto do slide tem a função de facilitar o entendimento do público a respeito do que está sendo abordado durante a apresentação. Se você tem receio de esquecer o que vai falar, mantenha fichas com o texto do que você vai apresentar, ao invés de jogar tudo no slide.

5 Siglas ininteligíveis
Presentes no dia a dia de muitos profissionais, principalmente do mercado financeiro e de área de tecnologia, a siglas fazem todo o sentido quando a apresentação é interna, para colegas já envolvidos no trabalho. No entanto, se o público é leigo no assunto, as siglas podem não ser compreendidas. 

“O que é óbvio para você não é óbvio para os outros. Quando o público recebe uma informação que não entende, perde a compreensão e não sabe mais onde encaixar o resto do conteúdo transmitido”, diz Joyce. 
Dica: Ao lidar com termos técnicos seja didático para facilitar a compreensão do público e evitar a perda de atenção.

6 Expressão oral comprometida
Elaborar slides impecáveis no Power Point não basta. É preciso saber como transmitir o conteúdo para o público. E, nesse momento, quem não sabe se expressar bem pode estragar tudo. 

Falar devagar ou rápido demais, não saber o que fazer com as mãos, manter sempre a mesma entonação da voz e não olhar para as pessoas são os erros mais frequentes, de acordo com Joyce.“O medo de falar em público é tão grande que as pessoas não procuram um curso de expressão oral para encarar o receio”, diz Joyce.

Dica: Aposte em mudanças de entonação e ao ritmo da voz para não deixar a apresentação monótona. Atente à velocidade da fala. Se a sua fala é lenta o público terá sono e se for rápida demais vai atrapalhar o entendimento do público.

Há cursos e livros especializados na arte de se comunicar. Praticar, segundo Reinaldo Polito, especialista em oratória, é uma das maneiras de driblar o pavor de falar em público. Aproveite todas as oportunidades que você tiver para treinar e certifique-se de que você tem domínio sobre o assunto a respeito do qual você vai falar.

7 Tamanho da fonte do texto
Apertar os olhos para tentar enxergar o texto de uma apresentação deixa qualquer um irritado e as chances de ele deixar de prestar atenção são grandes. “As pessoas usam fonte 12 e ninguém consegue ler”, diz Joyce.

Dica: A especialista recomenda que o texto tenha fonte maior, tamanho 28. Assim, mesmo quem estiver no fundo da sala vai enxergar o que está escrito no slide.
8 Não fazer nada para manter a atenção do público
O renomado biólogo molecular John Medina diz que o cérebro humano perde a atenção de 10 em 10 minutos. Por isso, curta ou longa, a apresentação precisa contar com “ativadores” da atenção do público. “Pouca gente se preocupa com isso”, diz Joyce.
 
Dica: Traga uma inovação, fale uma frase com mais ênfase para captar a atenção. “A cada 5 ou 10 minutos lance algum ‘ativador’ para as pessoas acordarem”, recomenda Joyce.

9 Não aceitar ou não perceber a conexão com o público
Conforme explica Joyce, o objetivo principal de uma apresentação é criar uma conexão com o público para inspirá-lo a respeito do tema abordado. “Se não há essa conexão, o apresentador não vai atingir resultado”, diz a sócia e diretora da La Gracia.

Em relação a este aspecto, o erro cometido é considerar a interação do público uma interferência. “Muitas vezes a pessoa está tão focada nela mesma que não percebe ou não deixa que haja uma troca com o público”, diz Joyce. Então, muitas vezes, o apresentador faz uma pergunta à plateia, mas não a deixa responder.

Dica: Ao perceber o interesse do público em responder alguma pergunta ou em interagir em algum sentido, tente dar espaço. “Se você tentou criar uma conexão por meio da pergunta e o público responder, vá na onda”, recomenda a especialista, alertando, no entanto, que não é fácil. “Mas quando há a interação, você sai ganhando, quem consegue criar conexão é muito mais aplaudido”, diz Joyce.

10 Contraste
Há sempre uma informação que seja mais relevante e mereça destaque. “Muitas vezes as pessoas dão o mesmo peso às informações e o que é mais importante não é destacado”, diz Joyce.

O contrário também vale como erro. “Encher de imagens o slide e colocar cores fortes em tudo para chamar a atenção deixa tudo gritante e não destaca nada”, explica a especialista.

Dica: apenas as informações mais importantes devem ser destacadas. Use alguma forma de contraste para chamar a atenção para os dados mais relevantes.

11 Não deixar espaço em branco
Na ânsia de reunir o maior número de informações sobre o tema da apresentação, muita gente esquece a importância de um visual clean. “Parece que as pessoas acham que vão perder dinheiro ao deixar um espaço em branco no slide e o visual acaba ficando pesado”, diz Joyce.

Dica: Além de ser um respiro para o público, o espaço em branco no slide tem uma função importante, de acordo com a especialista. “Ajuda a direcionar o olhar do público para aquilo que merece destaque e isso faz toda a diferença”, explica. Uma apresentação com um design mais “limpo” e leve é muito mais elegante.

12 Nenhuma ou pouca análise
Reunir um sem número de informações e organizá-las no Power Point sem fazer qualquer tipo de análise é um erro grave e que mata o sentido da apresentação. “As pessoas pensam que a apresentação é feita só de dados, mas nós já somos inundados por informações o dia inteiro então as informações precisam ser novas, além de fazer sentido”, diz Joyce.

Dica: antes de fazer a apresentação reúna as informações e faça uma interpretação delas. “Sem análise a apresentação fica crua”, lembra Joyce.

Agora confira, as técnicas para driblar a timidez nas apresentações, segundo Reinaldo Polito, em um dos vídeos de carreira:




Fonte: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/12-erros-que-matam-qualquer-apresentacao?page=3

Abilio entra com liminar para continuar no Pão de Açúcar

Segundo Valor Econômico, empresário entrou com processo no Tribunal de Justiça de São Paulo para ter seus direitos respeitados no grupo

Montagem/EXAME.com
Jean-Charles Naouri, CEO do Casino, e o empresário Abilio Diniz
Jean-Charles Naouri, CEO do Casino, e  Abilio Diniz: guerra entre os dois parece não ter fim

São Paulo - Abilio Diniz quer fazer valer os seus direitos no Pão de Açúcar e, por isso, entrou com uma liminar no Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio da câmera empresarial, e enviou ao sócio Casino uma notificação afirmando que vai reagir caso o  grupo francês insista na hipótese de ele ter que renunciar ao cargo de presidente do conselho se for para a BRF. As informações são do Valor Econômico, desta terça-feira.
 
De acordo com a reportagem, a notificação enviada a Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, afirma que o sócio, ao tentar tirá-lo de cena, tem um "mal-dissimulado objetivo", pois quer o controle absoluto do Pão de Açúcar.  O grupo francês alega, no entanto, que Abilio não pode ao mesmo tempo ocupar as duas presidências (do GPA e da BRF) ao mesmo tempo, pois pode haver conflitos de interesses, já que as companhias são parceiras comerciais.
 
Na semana passada, a Abilio foi indicado para assumir o conselho da BRF e está marcada para abril uma assembleia geral de acionistas para decidir se o empresário assumirá ou não a função.

Dia antes da indicação, o Casino já havia entrado com pedido de renúncia de Abilio do conselho do Pão de Açúcar, durante assembleia extraordinária de acionistas,  a rede francesa argumentou que o comportamento do empresário "tem sido o de criar turbulência, ignorando o interesse da companhia".

Abilio, por sua vez, se defende  afirmando que o acordo de acionistas prevê que ele tem o direito vitalício ao cargo de presidente do conselho de administração. "Trata-se do reconhecimento de que tenho muito a contribuir para o grupo, enquanto tiver saúde e disposição para o trabalho”, afirmou o empresário, na ocasiã.

Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/abilio-entra-com-liminar-para-continuar-no-pao-de-acucar

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Ecoglamour

Summer Rayne Oakes –primeira ecomodel da história, além de escritora e empreendedora– fala sobre sua militância na sustentabilidade, unindo moda e responsabilidade ambiental.
Reportagem publicada na revista HSM Management, edição nº 95, novembro-dezembro 2012.

Clique aqui e leia a matéria na íntegra (arquivo PDF).

Portal HSM
20/02/2013

Fonte: http://www.hsm.com.br/editorias/sustentabilidade/ecoglamour

O brasileiro que fez a América

O empresário Jorge Paulo Lemann virou uma lenda no Brasil. Com as aquisições da Budweiser, do Burger King e da Heinz, ele começa a fazer história também nos Estados Unidos.

Por Ralphe MANZONI Jr.
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Assista à entrevista com o editor de negócios, Ralphe Manzoni Jr.

Logo após vender o banco Garantia para o Credit Suisse First Boston, em 1998, o empresário Jorge Paulo Lemann jantou, em Boston, com o lendário investidor americano Warren Buffett. Na ocasião, Buffett quis saber como Lemann se sentia em relação à venda de seu negócio, que havia literalmente quebrado em razão da crise asiática. “Estou bem, mas quero tentar ser mais Warren Buffett e menos Sandy Weill, Jon Corzine ou John Reed (chefões, respectivamente, do Travelers, Goldman Sachs e Citibank)”, respondeu o brasileiro. O oráculo de Omaha, como Buffett é conhecido, quis saber a razão. “É que você tem mais senso de humor, mais domínio sobre o tempo e é mais rico”, disse Lemann. 
 
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Jorge Paulo Lemann: ele já foi chamado de o "Buffett" brasileiro. Aos 73 anos, seu apetite
por aquisições de grandes marcas parece não ter fim. Qual será sua próxima tacada?
 
O megainvestidor, então, tirou uma agenda cheia de páginas em branco do bolso e concluiu. “Veja como sou rico. Olhe quanto tempo tenho para fazer o que quero, quando quero.” Dessa conversa, Lemann, que já era dono da Lojas Americanas e da cervejaria Brahma, no Brasil, consolidou sua vocação de empreendedor. Por quase 30 anos, ele fora reconhecido como o mais influente e genial financista brasileiro. A partir de então, era a hora de aprofundar suas tacadas na economia real, especialmente na área de consumo. “Pensar pequeno e pensar grande dá o mesmo trabalho”, costuma dizer Lemann, no que se tornou em um de seus mantras mais conhecidos. 
 
Em meados de fevereiro deste ano, 15 anos depois daquele jantar, Lemann, 73 anos, e Buffett, 82 anos, se juntaram para fazer seu primeiro negócio em comum: a compra da fabricante de condimentos americana Heinz, em uma transação de US$ 28 bilhões. Trata-se de uma aliança poderosa. Buffett é dono da quarta maior fortuna do mundo, avaliada em US$ 53,8 bilhões, de acordo com o ranking da Bloomberg. Lemann é o homem mais rico do Brasil, com US$ 19,9 bilhões, patrimônio que se multiplicou por quatro nos últimos seis anos, período em que começou a caçar ícones da economia americana. O primeiro símbolo arrematado por Lemann foi a Anheuser-Busch, dona da cerveja Budweiser, em um negócio de US$ 52 bilhões, que criou a AB InBev, maior cervejaria do mundo em 2008. 
 
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Mais ketchup: William Johnson (à esq.), CEO da Heinz, e Alexandre Behring, da 3G Capital,
anunciam a compra da Heinz, nos EUA. Negócio de US$ 28 bilhões
 
Na sequência, comprou a rede de fast-food Burger King, combalida por problemas financeiros. Pagou US$ 4 bilhões, em 2010. Hoje, a BK já vale mais de US$ 6 bilhões. Desta vez, foi a marca mais tradicional de ketchup dos Estados Unidos. “Não conheci até hoje um grupo que administra empresas tão capaz como o formado, nos últimos anos, por Jorge Paulo Lemann no Brasil”, disse Buffett, logo após o anúncio da compra, referindo-se ao 3G Capital, fundo formado por Lemann e seus parceiros inseparáveis, Marcel Telles e Beto Sicupira. “Ele tem sido incrível.” Mais do que incrível, Lemann está mais uma vez fazendo história. O empresário já era uma lenda no Brasil, em razão do Banco Garantia, da Lojas Americanas e da fusão da Brahma e Antarctica. 
 
Agora, ele está se transformando em uma das figuras centrais do capitalismo americano. É verdade que, nos últimos anos, as empresas brasileiras avançaram sobre a terra de Tio Sam. O frigorífico Marfrig, por exemplo, comprou a Keystone Food, maior fornecedora de carnes do McDonald’s. A Gerdau é a maior produtora de aços longos dos EUA. A Braskem também conta com petroquímicas em solo americano. A Eco-Energy, terceira maior distribuidora de etanol de lá, pertence à Copersucar. Mas só Lemann, Telles e Sicupira são donos de marcas consideradas símbolos, que estão presentes na casa e na dieta de quase todo consumidor americano. O trio, é claro, enfrenta resistências por suas tacadas nos EUA. 
 
A revista de negócios Bloomberg BusinessWeek, em uma reportagem em que dizia que a AB InBev estava destruindo a cerveja americana, zomba do brasileiro Carlos Brito, o CEO da cervejaria, forjado nos barris da meritocracia da Brahma, nos anos 1990. No texto, a revista diz que Brito se veste como um operário em uma loja de ferragens, com jeans e camisa, o traje típico do mundo Lemann, onde a informalidade e o despojamento dão o tom. O governo americano tentou barrar a compra da mexicana Modelo pela AB InBev, alegando concentração de mercado – a fusão foi salva em um acordo de última hora em meados de fevereiro. Para alguns, o governo americano agia não só para defender a competição, mas também por motivos políticos.
 
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Warren Buffett: "Não conheci até hoje um grupo que administra empresas
tão capaz como o formado por Lemann"
 
SANTÍSSIMA TRINDADE É impossível escrever sobre Lemann sem reconhecer a importância de Telles e Sicupira na trajetória do empresário brasileiro. Os três agem como se fossem apenas um corpo e uma mente – a santíssima trindade do empreendedorismo nacional. Mas só quem os conhece há muito tempo é capaz de ver as diferenças. Com a palavra Luiz Cezar Fernandes, sócio de Lemann no banco Garantia e mais tarde fundador do rival Pactual. “O Jorge Paulo é o estrategista. O Beto monta as equipes e a estrutura. E o Marcel é voltado ao ope­racional, ao dia a dia”, diz Fernandes. “É um trio perfeito, que se complementa.” Os três se conhecem desde os anos 1970, quando Lemann criou a corretora Garantia. Telles começou a trabalhar lá em 1972, aos 22 anos. 
 
Sicupira foi contratado um ano depois. Lemann é o mais introspectivo do trio. “Em uma reunião, ele parece um antropólogo em uma tribo de índio”, diz uma fonte que trabalhou com ele e não quis se identificar. Segundo essa fonte, Lemann costuma ficar calado, na maior parte do tempo, apenas observando. Muitas vezes aparenta estar desatento. “Ele estica as pernas e você acha que está cochilando”, diz Wilson Poit, que era dono da empresa de energia Poit, apoiada pela Endeavor, associação não governamental de incentivo ao empreendedorismo trazida ao Brasil por Lemann, Telles e Sicupira. Mas quando fala, percebe-se, na verdade, que estava concentrado na discussão. Suas intervenções, em geral, são curtas, mas precisas. 
 
“Ele tem a capacidade de ver a floresta em vez das árvores”, diz José Olympio Pereira, CEO do Credit Suisse, que trabalhou por 13 anos no Garantia. Nascido no Rio de Janeiro, Lemann tem forte sotaque carioca e um timbre de voz firme, modulado sempre no mesmo tom, sem se exaltar ou ressaltar demasiadamente alguma palavra, com exceção de seus efusivos e estridentes “bom dias” dados a quem encontra pela frente, nos escritórios de suas empresas – da faxineira aos diretores. Fala inglês fluentemente e quase sem sotaque. Afinal, sempre estudou na Escola Americana do Rio de Janeiro. Aos 17 anos, foi para Harvard, nos Estados Unidos. 
 
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A mítica universidade americana de Boston foi fundamental para forjar o empresário que Lemann se tornaria. Em um depoimento no ano passado na escola de negócios Insper, em São Paulo, Lemann contou que passou o primeiro ano pelo campus odiando tudo. “No Brasil, jogava muito tênis e surfava muito”, disse ele para uma plateia de pessoas interessadas em estudar em Harvard. “Nos EUA, morria de frio e tinha saudades da praia.” (Uma rápida pausa. Lemann foi pentacampeão brasileiro de tênis. Ganhou os títulos de 1968, 1969, 1971, 1974 e 1975. Além disso, disputou a Copa Davis pelo Brasil e pela Suíça, a nacionalidade de seu pai e o país onde vive atualmente. 
 
“Ele era superconcentrando e não desistia nunca”, diz o ex-tenista Roberto Marcher, autor do livro O tênis no Brasil. Outra paixão é o surfe. Ele se considerava um dos melhores surfistas do Rio de Janeiro, nos chamados Anos Dourados, nas décadas de 1950 e 1960). No final de seu primeiro ano em Harvard, ele foi flagrado jogando uma bomba para fora da janela de seu dormitório. Quando voltou de férias ao Rio de Janeiro, sua mãe havia recebido uma carta recomendando que não voltasse para Boston. Mas como não era uma proibição, mas sim uma recomendação, resolveu que completaria o curso em dois anos, em vez dos três que lhe faltavam. 
 
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Para cumprir seu objetivo, desenvolveu um método simples: passou a entrevistar alunos e professores que haviam feito o curso. Descobriu também que as provas antigas ficavam guardadas na biblioteca, e principalmente, as questões, muitas vezes, eram repetidas em testes futuros. “Passei de pior aluno, para um dos melhores.” E principalmente: conseguiu atingir sua meta, formando-se no prazo proposto. Esses três anos foram fundamentais em sua formação. “A minha visão do mundo se alargou”, afirmou ele. “Os meus sonhos, que eram ganhar o campeonato de tênis e pegar ondas gigantes, passaram a ser maiores. Passei a sonhar grande.” A única coisa que não aprendeu em Harvard, segundo ele próprio, foi correr riscos.
 
A TURMA DA MERITOCRACIA Ao longo de sua trajetória empresarial, Lemann correu muitos riscos. E, como tudo na vida, ganhou e perdeu. Mas seus fracassos, como a derrocada do Garantia, foram esquecidos. Suas vitórias, até hoje, são amplamente celebradas. Seu legado, mais do que as empresas que construiu e comprou, será o estilo de gestão que implementou nos seus negócios a partir do Garantia. No começo dos anos 1970, ele derrubou as paredes da hierarquia, tornou jovens brilhantes que trabalhavam no banco em sócios e promoveu a meritocracia como uma religião. Muitas dessas coisas já tinham sido feitas antes. 
 
O reconhecimento do trabalho dos melhores funcionários, por exemplo, foi baseado na cultura do banco americano Goldman Sachs. Copiar, no entanto, não era um problema para o jovem Lemann. “Você tem de se preocupar com a inovação”, disse ele, certa vez. “Mas se tem alguém fazendo bem, melhor não gastar muito tempo procurando como fazer. Vai lá, olha e adapta à sua maneira.” Quando comprou a Lojas Americanas, em 1982, Lemann, assim como os seus parceiros, não entendia nada de varejo. Mandaram cartas para os maiores varejistas do mundo, pedindo a oportunidade de conhecer seus negócios. Dois responderam. Um deles era ninguém menos do que Sam Walton, o legendário fundador do Walmart, que os convidou a conhecer a sede em Bentonville, no cafundó do Judas que era o Arkansas naquela época. 
 
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Lemann viajou com Sicupira e trouxe para o Brasil tudo o que podia do modelo de negócios da família Walton. Foi de lá que absorveu a cultura da simplicidade e da informalidade. Fez assim com todos os seus negócios, inclusive a Brahma, comprada em 1989. Nesse caso, a inspiração foi a Anheuser-Busch, que ironicamente passou a fazer parte de sua coleção de ícones americanos duas décadas depois. Outro valor fundamental de Lemann é a busca obsessiva pelo corte de custos nos mínimos detalhes, institucionalizada num instrumento de gestão, o Orçamento Zero, que a cada início de ano submete os gastos a um pente fino. “Ser paranoico com custos e despesas, que são as únicas variáveis sob nosso controle, ajuda a garantir a sobrevivência no longo prazo”, diz o texto de um dos mandamentos da cultura do Garantia. 
 
O Burger King é um bom exemplo dessa receita impiedosa. Nas primeiras semanas após a aquisição, o quadro global da companhia foi reduzido em 40%. Os resultados já começam a aparecer. No quarto trimestre de 2012, o lucro cresceu 94%, chegando a US$ 48,6 milhões. Esse desempenho foi alcançado graças à redução de despesas. Elas passaram de US$ 351,3 milhões para US$ 161,2 milhões, uma queda de 41% no período. A cultura do Garantia, por esses motivos, espalhou-se como um vírus no ambiente empresarial brasileiro. É possível encontrar as digitais de Lemann, Telles e Sicupira em uma centena de companhias no País, como a Gávea, de Armínio Fraga. 
 
A cartilha da meritocracia e de corte de custos é seguida por uma série de empresários de alto calibre, como André Esteves, do BTG Pactual, que cresceu no ambiente ultracompetitivo do Pactual, de Luiz Cezar Fernandes. As empresas que recebem investimentos do GP Investimentos, que foi de Lemann, seguem essas diretrizes. Em 20 anos, foram 51 companhias. Entre elas, a curitibana ALL, de logística, de onde saíram Alexandre Behring, sócio e principal executivo do 3G Capital, e Bernardo Hees, que comanda globalmente o Burger King. Não são apenas as grandes companhias que se inspiram nos exemplos de Lemann. Por meio da Endeavor, ele, junto com Telles e Sicupira, ajudou pequenas empresas a perseguir seus sonhos. 
 
“Pensar pequeno e pensar grande dá o mesmo trabalho.
Mas pensar grande te liberta dos detalhes insignificantes”
 
As companhias apoiadas pela organização não governamental ganham “coaching” do trio. Lições que elas consideram valiosas e ajudam-nas a tomar decisões difíceis. A empresa de internet Arizona, por exemplo, recebeu uma proposta de R$ 117 milhões de um rival muito maior, no fim de 2010. “Era um dinheiro para os meus netos viverem tranquilos”, diz Marcus Abdo Hadade, sócio da Arizona. Depois de ouvir seus mentores, ele decidiu não vender. “Eles me disseram: por que você não trabalha para comprá-la?” Não foi o que fez Wilson Poit, da Poit Energia, que também é apoiada pela Endeavor. No ano passado, ele vendeu sua empresa para a rival Aggreko, por R$ 400 milhões. 
 
Recebeu diversos e-mails de empresários que colaboram com a ONG, como o de Laércio Cosentino, dono da empresa de software Totvs. Em todas as mensagens, os remetentes parabenizavam-no pelo negócio. Menos Lemann. Ao seu estilo curto, direto e objetivo, ele perguntou: “Quem você vai comprar agora?” Depois de adquirir três gigantes americanos, alguém duvida que o caçador de ícones não está atrás de seu próximo negócio? Será a Disney, a Coca-Cola ou a Pepsi? O apetite de Lemann não tem fim. Afinal, ele pensa e sonha grande – cada vez mais. Não por acaso, há poucos dias foi chamado pelo britânico Financial Times, um dos jornais de economia mais influentes do planeta, de “o Buffett brasileiro.” Quer mais? O insaciável Lemann, certamente quer. 
 
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A 8ª Guerra Virtual

A Sony anuncia o Playstation 4 e esquenta a disputa com Microsoft e Nintendo na nova geração de videogames.

Por Diego MARCEL
Em 2006, a Sony lançou nos EUA o videogame Playstation 3. A chegada do equipamento se deu um ano após a Microsoft, sua principal concorrente na disputa pelos usuários mais avançados – que preferem jogos complexos –, colocar no mercado o Xbox 360. Depois de mais de meia década, o console da empresa de Bill Gates está na dianteira: foram vendidos 75,9 milhões de unidades do aparelho até hoje, ante 70,2 milhões do console da Sony. O fato de ter sido lançado um ano após o Xbox 360 é apontado por especialistas como o principal motivo para o Playstation 3 ter vendido menos. 
 
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HALO - Microsoft: a criadora do game halo ainda não anunciou
seu novo xbox, mas o produto deve estar no mercado até o final do ano
 
Pois o episódio serviu de lição. Desta vez, a empresa não quer ficar para trás e por isso anunciou, na semana passada, em Nova York, o Playstation 4. A venda do equipamento – cujo preço e imagem ainda não foram divulgados – deve começar perto do Natal, mesmo período para o qual é aguardado o novo modelo do Xbox. O movimento de Sony e Microsoft, assim como o da Nintendo, que no final de 2012 lançou o Wii U, também da oitava geração, acirra a disputa pela liderança no mercado de consoles de mesa, o modo como são chamados os aparelhos que dependem da tevê para funcionar. 
 
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No ataque: em evento em Nova York, Andrew House, da Sony, apresentou o Playstation 4,
sua nova arma na batalha dos games
 
O atual capítulo dessa guerra virtual, no entanto, tem contornos mais dramáticos que o de outros tempos. Se na sétima geração o segmento de games era disputado por apenas três concorrentes, Playstation, Xbox e Wii, agora o front conta com um número maior de competidores, que adotam estratégias diferentes. Um desses novatos é a americana Valve. A empresa exibiu na Consumer Eletronics Show (CES), feira internacional de tecnologia realizada nos EUA em janeiro, o seu novo console, o Steam Box, que permite baixar jogos diretamente da internet. Já a fabricante de processadores gráficos Nvidia terá o Shield, videogame portátil que poderá ser usado como console de mesa. 
 
A lista conta também com o Ouya, aparelho cuja produção foi financiada por doações de internautas. Diante da efervescência do setor, resta saber se o mercado comportará tantos concorrentes. Nick Gibson, diretor da Game Investor, consultoria americana especializada em games, acredita que não. Para ele, até o final do ciclo de vida da oitava geração, um ou dois consoles devem sair de cena. “Não há espaço para todos”, diz. Os desafios devem ser maiores, segundo Gibson, para os competidores novatos. Ainda assim, Sony, Microsoft e Nintendo têm motivos para ficar atentas aos passos dos adversários. 
 
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GOD OF WAR - Sony: para não ficar atrás, a desenvolvedora de God of War
correu para anunciar seu novo videogame
 
O Steam Box, por exemplo, pode abrir as plataformas online de seu console aos jogadores de PC, criando uma rede com a participação de mais usuários. Há a expectativa também de que o console Ouya se integre às centrais de jogos disponíveis em tablets e smartphones. É uma estratégia distinta daquela que é adotada por Playstation, Xbox e Wii, cujos ecossistemas são fechados. “Nada indica que essas três empresas mudarão suas estratégias”, diz Nicolas Bonvalet, consultor da empresa americana Game Consulting. Um exemplo concreto disso se deu durante a apresentação do Playstation 4. A Sony anunciou uma rede social própria, da qual só terão acesso os usuários do Playstation. 
 
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ZELDA - Nintendo: o Wii U, do jogo Zelda, foi o primeiro console de oitava
geração a chegar ao mercado, no final de 2012
 
O acesso à plataforma social será estendido a celulares e outros equipamentos, onde o usuário poderá se comunicar com seus amigos de jogo. O videogame agora conta com uma configuração de hardware mais robusta e maior velocidade de processamento. A guerra da oitava geração ainda está no começo, mas já se sabe quem pode ser a primeira baixa: os computadores. Com o surgimento dos novos consoles, a atenção dos usuários deve migrar do PC para os videogames de mesas. “Em 2013, o PC vai sangrar”, diz Bonvalet. Já os tablets e celulares devem ser beneficiados. “Como as pessoas usam cada vez mais os equipamentos móveis, os consoles terão de se integrar a eles.” 
 
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7 atitudes básicas para executivos, segundo professor do IMD

Professor Michael Watkins, do IMD, afirma que mesmo no comando de grandes empresas, muitos executivos ainda falham em questões estratégicas e diplomáticas