O CEO e a necessidade de gerenciar com emoção

Professor Moisés Fry, da FGV e da UC Berkeley, nos Estados Unidos, fala em artigo sobre a ciência para integrar inteligência racional e emocional
Dono do cargo mais alto e responsável por tomar as principais decisões dentro de uma empresa, o CEO é visto como um símbolo de liderança, conhecimento, desempenho e, também, seriedade. O que quase sempre é esquecido, entretanto, é o fato de que esses homens e mulheres são sujeitos, como qualquer outra pessoa. E, por serem seres humanos, não podem tratar seus subordinados, nem ser tratados por eles, como objetos no ambiente corporativo.
Para compreender melhor qual é, de fato, a diferença entre sujeito e objeto, temos que considerar a premissa: gestão não é apenas uma ciência, ela impõe integrar inteligência racional e inteligência emocional. Há uma arte no fazer!
Certa vez, perguntei ao principal executivo de uma das maiores companhias farmacêuticas da América Latina o que, para ele, era um CEO. A resposta veio de bate pronto: “é um diretor de cinema”.
Desde então, considero esta uma das melhores metáforas para definir os que carregam consigo a responsabilidade dessa função. Digo isto porque, ao entendê-la, podemos encará-la como uma síntese de tudo o que deveria ser feito no dia a dia desses líderes. Entretanto, o que é praticado na grande maioria das corporações privilegia o racional e deixa à míngua o lado emocional, tanto do CEO quanto dos demais, e reflete um conceito difundido durante décadas pelas universidades acerca do Gerente Racional, o tomador de decisões.
Ao valorizarem demasiadamente a técnica e a razão, os executivos passam a agir de acordo com a teoria de René Descartes e sua frase mais famosa: “Penso, logo existo”.
Nos dias atuais
De uns anos para cá, no entanto, este cenário vem mudando. As principais cabeças empresariais começaram a entender que esse requisito cobre apenas parte do seu papel. Afinal, o filósofo francês defendia a objetividade e a racionalidade no ser humano, sem valorizar os sentimentos e a subjetividade presentes em cada um.
Contrariando Descartes, afirmo que a expressão que melhor explica a administração em uma empresa é “Sinto, logo penso”, defendida por autores como Edgar Schein e Antonio R. Damásio e, mesmo pelo racionalista que propalou a ideia de que os afetos conduzem a razão.
As empresas que ainda estão centradas na prática da gestão baseada puramente em livros e planilhas podem tornar-se reféns do egocentrismo e da esquizofrenia de seu CEO e altos executivos e, consequentemente, estar fadadas ao fracasso.
A forma de pensar e de agir é, e sempre vai ser, mais importante para a obtenção de resultados. Ou seja, as receitas puramente analíticas, o “by the book”, devem ser deixadas de lado, e uma velha-nova máxima deve vir à tona: os sujeitos, e não objetos ou robôs, são aqueles que estão a construir as empresas e as sociedades.
O que é estratégia, afinal?
Nós não poderíamos falar em CEO e em altos executivos sem falar em estratégia. Afinal, são essas as pessoas as responsáveis por criá-las e/ou implementá-las em uma corporação. Mas será que eles próprios sabem o que, de fato, é uma estratégia? Se no começo artigo digo que a administração é também uma arte, o gestor pode aqui ser tratado como um artista e a estratégia seria um roteiro cinematográfico e como tal, desenvolvido de diversas maneiras, sempre com a necessidade de ter em seu executor o protagonista.
E é aqui que a metáfora se aplica ao CEO, o líder que conduz – ou que deveria conduzir – a empresa a partir de não apenas de sua competência intelectual, mas também dos sentimentos que fazem dele um sujeito e não um mero condutor sistemático, chefe de “programas de computador”.
Ao deixar a técnica dominar as empresas, tem-se robôs fazendo com que a “pianola toque sempre do mesmo jeito”. Por isso, estratégia não pode nem deve ser feita apenas em planilha de Excel. É preciso valorizar a imaginação e pensar “fora da caixa”! Os métodos são necessários, porém as atitudes das pessoas devem prevalecer. Sempre!
Moisés Fry Sznifer é professor dos programas de mestrado e doutorado da FGV e professor visitante da UC Berkeley, nos Estados Unidos, e fundador e CEO da Idea Desenvolvimento Empresarial, empresa que atua há mais de 25 anos nas áreas de estratégia e desenvolvimento organizacional. Moisés tem mestrado e PhD pela Universidade de Grenoble, na França, em Businesses e Economics.
Portal HSM
10/12/2012
Fonte: http://www.hsm.com.br/editorias/gestao-e-lideranca/o-ceo-e-necessidade-de-gerir-com-emocao
Dono do cargo mais alto e responsável por tomar as principais decisões dentro de uma empresa, o CEO é visto como um símbolo de liderança, conhecimento, desempenho e, também, seriedade. O que quase sempre é esquecido, entretanto, é o fato de que esses homens e mulheres são sujeitos, como qualquer outra pessoa. E, por serem seres humanos, não podem tratar seus subordinados, nem ser tratados por eles, como objetos no ambiente corporativo.
Para compreender melhor qual é, de fato, a diferença entre sujeito e objeto, temos que considerar a premissa: gestão não é apenas uma ciência, ela impõe integrar inteligência racional e inteligência emocional. Há uma arte no fazer!
Certa vez, perguntei ao principal executivo de uma das maiores companhias farmacêuticas da América Latina o que, para ele, era um CEO. A resposta veio de bate pronto: “é um diretor de cinema”.
Desde então, considero esta uma das melhores metáforas para definir os que carregam consigo a responsabilidade dessa função. Digo isto porque, ao entendê-la, podemos encará-la como uma síntese de tudo o que deveria ser feito no dia a dia desses líderes. Entretanto, o que é praticado na grande maioria das corporações privilegia o racional e deixa à míngua o lado emocional, tanto do CEO quanto dos demais, e reflete um conceito difundido durante décadas pelas universidades acerca do Gerente Racional, o tomador de decisões.
Ao valorizarem demasiadamente a técnica e a razão, os executivos passam a agir de acordo com a teoria de René Descartes e sua frase mais famosa: “Penso, logo existo”.
Nos dias atuais
De uns anos para cá, no entanto, este cenário vem mudando. As principais cabeças empresariais começaram a entender que esse requisito cobre apenas parte do seu papel. Afinal, o filósofo francês defendia a objetividade e a racionalidade no ser humano, sem valorizar os sentimentos e a subjetividade presentes em cada um.
Contrariando Descartes, afirmo que a expressão que melhor explica a administração em uma empresa é “Sinto, logo penso”, defendida por autores como Edgar Schein e Antonio R. Damásio e, mesmo pelo racionalista que propalou a ideia de que os afetos conduzem a razão.
As empresas que ainda estão centradas na prática da gestão baseada puramente em livros e planilhas podem tornar-se reféns do egocentrismo e da esquizofrenia de seu CEO e altos executivos e, consequentemente, estar fadadas ao fracasso.
A forma de pensar e de agir é, e sempre vai ser, mais importante para a obtenção de resultados. Ou seja, as receitas puramente analíticas, o “by the book”, devem ser deixadas de lado, e uma velha-nova máxima deve vir à tona: os sujeitos, e não objetos ou robôs, são aqueles que estão a construir as empresas e as sociedades.
O que é estratégia, afinal?
Nós não poderíamos falar em CEO e em altos executivos sem falar em estratégia. Afinal, são essas as pessoas as responsáveis por criá-las e/ou implementá-las em uma corporação. Mas será que eles próprios sabem o que, de fato, é uma estratégia? Se no começo artigo digo que a administração é também uma arte, o gestor pode aqui ser tratado como um artista e a estratégia seria um roteiro cinematográfico e como tal, desenvolvido de diversas maneiras, sempre com a necessidade de ter em seu executor o protagonista.
E é aqui que a metáfora se aplica ao CEO, o líder que conduz – ou que deveria conduzir – a empresa a partir de não apenas de sua competência intelectual, mas também dos sentimentos que fazem dele um sujeito e não um mero condutor sistemático, chefe de “programas de computador”.
Ao deixar a técnica dominar as empresas, tem-se robôs fazendo com que a “pianola toque sempre do mesmo jeito”. Por isso, estratégia não pode nem deve ser feita apenas em planilha de Excel. É preciso valorizar a imaginação e pensar “fora da caixa”! Os métodos são necessários, porém as atitudes das pessoas devem prevalecer. Sempre!
Moisés Fry Sznifer é professor dos programas de mestrado e doutorado da FGV e professor visitante da UC Berkeley, nos Estados Unidos, e fundador e CEO da Idea Desenvolvimento Empresarial, empresa que atua há mais de 25 anos nas áreas de estratégia e desenvolvimento organizacional. Moisés tem mestrado e PhD pela Universidade de Grenoble, na França, em Businesses e Economics.
Portal HSM
10/12/2012
Fonte: http://www.hsm.com.br/editorias/gestao-e-lideranca/o-ceo-e-necessidade-de-gerir-com-emocao
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