quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Inovação na base beneficia o topo

 
A inovação flui não apenas dos países desenvolvidos para os que estão em desenvolvimento, mas também no sentido contrário. Essa constatação vem atraindo a atenção de Vijay Govindarajan, professor da Tuck School of Business da Darthmouth College, que tem se dedicado a pesquisar a chamada “inovação reversa”.

A dinâmica global da inovação apresenta mudanças. Emblemático desse movimento é o caso das fraldas Pampers, da Procter&Gamble, sobre o qual Tarek Farahat, presidente da empresa no Brasil, falou à HSM Management. Ele conta que estava diante da necessidade de baixar o preço sem afetar negativamente a imagem da marca.

“Descobrimos que, na classe C, o bebê em geral dorme no mesmo quarto –ou cama– dos pais, e que ele dormir a noite inteira é o mais importante. Então, fomos entender o componente mais importante da fralda para eles e o resultado foi a parte que absorve, porque é a que mantém o bebê seco e, portanto, garante seu sono”, esclareceu o executivo. Foi assim que todas as partes que não contribuíam para a absorção foram eliminadas da fralda. Surgiu, então, a fralda Pampers Básica, que oferece até 12 horas de absorção – uma noite de sono para bebês e seus pais.

“Dois anos depois, assumíamos a liderança desse mercado. A Pampers cresceu tanto no Brasil que hoje faz parte dos cinco maiores mercados da marca no mundo”, revela Farahat. A Pampers cresceu e a tecnologia de absorção foi aplicada ao absorvente feminino Always Básico. O sucesso foi tamanho que a inovação chegou aos Estados Unidos, fazendo o reverso do caminho tradicional. Lá, a inovação foi aplicada a papel-toalha e papel higiênico.

Govindarajan e seu colega na Tuck School, Chris Trimble, recordam, no livro Inovação Reversa (ed. Campus/Elsevier), que, não faz muito tempo, grande parte dos negócios em nações desenvolvidas estava centrada na exportação, aos mercados em desenvolvimento, dos produtos mais populares em seus mercados domésticos. No entanto, essa abordagem tende a não render bons resultados, porque há um abismo entre as necessidades dos países ricos e as dos pobres, e o sucesso das empresas dependerá da capacidade de entender essas diferenças. Segundo os autores, o futuro está, portanto, longe de casa para as poderosas e bem estabelecidas corporações multinacionais.

Para casas de US$ 300 ou US$ 30 mil

Govindarajan estará no Brasil por ocasião da
HSM ExpoManagement 2013, evento que será realizado em São Paulo entre os dias 4 e 6 de novembro. Em sua apresentação, abordará a dinâmica mundial da inovação, incluindo o movimento reverso e, de maneira mais abrangente, a necessidade de as empresas voltarem os olhos para a base da pirâmide.

Nesse contexto, Govindarajan e Christian Sarkar, especialista em inovação e estratégia digital, deram início a uma revolução que visa responder à demanda de moradia de 2,5 bilhões de pessoas que compõem a base da pirâmide mundial. Assim, em agosto de 2010, no blog da Harvard Business Review, convocaram empresas, designers, engenheiros e organizações sociais para transformar em realidade a ideia de projetar uma casa de apenas
US$ 300.

Atualmente, o projeto está pesquisando três países como alvo dessa moradia: Haiti, Índia e Etiópia. Porém, não se trata só de criar uma habitação para os pobres, sustentável e de fácil construção, mas também de inovar o setor da construção em geral. “O conceito vai além das economias emergentes. As lições aprendidas devem ser aplicadas até na construção de lares de mais de US$ 30 mil nos países desenvolvidos”, avalia Govindarajan.


Fonte: http://www.hsm.com.br/editorias/inovacao/inovacao-na-base-beneficia-o-topo

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