Onde deixei meu entusiasmo?
Para muita gente, o dono de uma empresa tem de ser corajoso e bem- disposto — mas todo mundo pode, sim, ter seus momentos de desânimo

Hoje vou dormir e, ao acordar, me sentirei renovado e cheio de entusiasmo
Problemas existem para ser solucionados, e não sou do tipo de pessoa que os ignora e empurra para debaixo do tapete. Mesmo assim, tenho meus dias de desânimo. Acordo, vou para minha empresa, a SidSigns, e fico com a impressão de ter deixado em casa todas as minhas boas ideias e o entusiasmo.
Quando tenho uma reunião, então, é um desastre. Fico impaciente com quem fica rabiscando no bloco de anotações sem prestar atenção e bravo com aqueles dispostos a fazer papel de estrela, mas sem um pingo de interesse nas necessidades da empresa. Esse tipo de irritação não é nada bom para os negócios. Qual empreendedor nunca passou por um momento assim?
Para muita gente, o dono de uma empresa tem de ser um sujeito corajoso, cheio de energia e disposto a enfrentar qualquer obstáculo, grande ou pequeno. Nem sempre dá para ser assim o tempo inteiro. Todo mundo pode, sim, ter seus momentos de desânimo.
Fica mesmo difícil manter o pique quando o pessoal do RH vem dizer que, por causa de uma mudança na lei, os custos com a folha de pagamentos aumentaram de um dia para o outro. Também não dá para se sentir revigorado ao receber um relatório do gerente comercial mostrando que as vendas vão mal e a concorrência, sabe-se lá como, acaba de baixar os preços.
Em outro dia qualquer, você, empreendedor destemido, teria uma ideia brilhante para combater os competidores — mas não hoje. A solução não surge como um relâmpago, e ainda aparece um problema novo para deixá-lo mais desanimado.
O mais difícil é descobrir como recuperar o entusiasmo. Vejo o empreendedor como um dos seres mais solitários da Terra. Muitas vezes, não há a quem recorrer em busca de uma opinião ou de uma palavra de incentivo. Principalmente, não há ninguém para compartilhar a responsabilidade sobre as consequências de uma decisão nos negócios.
Aliás, acho que, nos piores momentos de desânimo, queremos mesmo é deixar outra pessoa assumir nosso lugar e tomar as decisões. Decidir é uma tarefa tão árdua que, nos fins de semana, acho difícil escolher um restaurante para ir com a família.
Alguém deveria ter me avisado como é solitário, cansativo e, muitas vezes, angustiante liderar uma empresa. Essa foi, no entanto, a vida que eu mesmo escolhi. Todo empreendedor um dia tomou essa decisão por conta própria. Portanto, vá à luta, meu caro. Vire-se. Você é o dono, o presidente, o CEO ou seja lá como preferir ser chamado.
Quer saber como faço para recuperar as forças? Hoje à noite vou dormir e, ao acordar, passarei mais tempo na cama buscando reencontrar minhas ideias, a paciência e o entusiasmo perdidos. Pobres dos concorrentes, dos funcionários indispostos e dos prestadores de serviço medianos. Ninguém vai me segurar. Amanhã eu me sentirei renovado. E você?
Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame-pme/edicoes/0056/noticias/onde-deixei-meu-entusiasmo
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